quinta-feira, 17 de junho de 2010

Caravela da Saudade



Caravela da Saudade
José de Portugal
I
Caravela da Saudade
Quando no mar navegava
Nas suas velas bem alvas
A cruz de cristo brilhava

II
Nasceu de um pequeno país
Que o mundo respeitou
E em todo o universo
A lei de cristo implantou

III
Hoje que o mundo mudou
Ao lermos a sua história
Vemos como é Portugal
País cheio de glórias

IV
Bendito seja o céu
Que nos dá a esperança
Salve, pois Portugal
Terra de paz e bonança

V
Hoje os povos são diferentes
Cheios de inveja e malvadez
Eles difamam Portugal
Pois invejam o que ele fez



José de Portugal. Meu pai.
Fez até o 4º ano primário em Portugal. Trabalhou muito e estudou pouco.
Sempre me dizia para estudar!
É casado com minha mãe desde 20 de setembro de 1952, ou seja, há 57 anos.
Levou-me algumas vezes ao cinema, e o primeiro livro que me comprou foi Papillon. Li esse livro como um lobo faminto devora sua presa. Nunca me esqueço do prazer que tive ao ler Papillon, acho que as aulas de tenacidade que aprendi nesse livro me acompanham até hoje.
Hoje meu pai com os seus 83 anos, navega em caravelas virtuais, no oceano que é a internet. Ensinei-o a usar o Google earth! Tem seu próprio computador é viciado em paciência e sueca.
Ele fez a poesia acima há, aproximadamente, 40 anos. Não sabia que ele escrevia agora que estou vivendo com eles após 24 anos de ausência é que estou descobrindo coisas.
O poema foi escrito para um programa de TV. Era um programa de auditório, que existia naquela época, na antiga TV tupi, chamava-se Caravela da Saudade. Uma vez ganhei um pacote de bolachas de uma das cantoras do programa. Ela disse, delineando um largo, e quente sorriso em sua boca: que menino lindo! E me deu um pacote de bolachas! Adorei tudo aquilo, o lindo sorriso, o pacote de bolachas. Para um garoto de periferia pobre de Pão Paulo, estar naquele auditório era um momento mágico.
Nunca vi meu pai ler um livro. Mas nunca se recusou a comprá-los, e olha que o dinheiro era escasso para coisas supérfluas. Pra quem tomou banho de bacia, pegou água de poço, não tinha geladeira, e o banheiro ficava no fundo do quintal. Livros sempre foram um luxo pra lá de supérfluo. Isso até os meus 14 anos. Nessa idade parei de ajudá-lo, em sua humilde sapataria, e fui ganhar a vida e manter os meus vícios: livros, HQ, cinema, essas drogas típicas de adolescentes.
Meus pais fizeram o melhor que podiam fazer, diante das circunstâncias, diante das adversidades que a vida lhes ofereceu.
A grande verdade é que sem a educação que recebi de meus pais. Eu não seria metade do homem que sou!
Obrigado... Pai! Obrigado Mãe!
Sampa - 16/6/2010 12:53
Carlos Kurare


Toda lagarta é uma borboleta em potencial!
Carlos Kurare



Verde Vinho - Paulo Alexandre - letra 


Como É Linda a Minha Aldeia - Roberto Leal - Comp.: R. Leal e Márcia Lúcia

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