Vá devagar, mas... sem delongas!
Carlos Kurare
Por Sandra Maia
Marcos havia conhecido “a mulher dos seus sonhos” há uma semana! Estava totalmente apaixonado e, pareceu-me mais que, empolgado, com o encontro, com a possibilidade, às coincidências... Tudo se encaixava perfeitamente e, ele – o príncipe – vivia um conto de fadas...
E, em meio a essa paixão toda, ele comentava – o quanto a relação era diferente de tudo o que viveu até então. De como a outra – a nova namorada - estava apaixonada por ele.. Como tudo era mágico... Até que... Bem, até que – a namorada – de tanto doar-se – se percebeu em uma prisão... Não podendo sustentar tamanha “generosidade”, pediu um tempo! Pediu para que fossem mais devagar, para que se acalmassem... Ele, pobre, não entendeu nada! A namorada era quem ditava, a partir de agora, o ritmo dos encontros. A outra é quem lhe sinalizava que tudo era único, agora, do nada: UM TEMPO! Não, ele não suportou...
Algumas semanas depois, ela já recomposta, tentou retomar a relação, afirmando ter errado: Ele, a relação, tudo era exatamente do jeito que ela queria!
Ele, bom, ele já não queria mais. Havia nesse meio tempo se apaixonado pela vida, por si mesmo, pelos outros... Agora era a sua vez de DAR-SE UM TEMPO...
E, que ironia! Como é mesmo frágil uma relação. Principalmente, no início, quando os vínculos não estão ainda estabelecidos. O compromisso, não firmado. A confiança, não conquistada...
É! Começar uma relação não é realmente tarefa fácil. É para quem está com tempo, vontade e ânimo de investir em si mesmo, no outro, e no relacionamento: tudo ao mesmo tempo...
Não há outra forma, não há outra maneira de fazer “a coisa” durar, ser prazerosa, inclusiva.
Extrapolando um pouco, ouso dizer que não são só as relações que estão no início são frágeis... Os relacionamentos de longa data também demandam querer. Demandam presença. Atenção. Cuidado! Querem ser vividos, querem ser escolhidos todos os dias. Demandam amor incondicional e, o desejo que não pode ou deve ser confundido com o desejado.
Afinal, já temos em nós tudo o que precisamos para uma vida plena. Trazer o outro para esse nosso mundo pede, concessões, composições, renúncia, adequações... E, para isso tudo há que estar disponível – de corpo, coração, mente e alma... Há que desocupar-se – e abrir espaço, para que um outro possa ser incluído. E, mais, um outro com seus sonhos, suas incertezas, suas incoerências e, seu aprendizado... É preciso não se esquecer que esse outro, tem também seu caminho a percorrer.
Se pudermos compreender o quanto isso tudo é verdadeiro, o quão frágil é a relação e, o quão desafiador é mantê-la por um longo tempo, talvez então, estejamos prontos para torná-la forte. Fazer com que o encontro – se torne em um envolvimento tão profundo que seja capaz de ressaltar em cada um a sua individualidade, o self...
Boa semana!
Dica do texto da Andréa - São Paulo - SP
Coloquei está música na voz do Daniel artista predileto da Maria. Faço aqui uma singela homenagem a ela que foi um dia minha Empregada Doméstica. Viviamos em perfeita simbiose. Ela tinha por sonho em sua juventude ser advogada. Não sei se um dia o será, mas sei que seus filhos, graças a sua têmpera forte, um dia chegarão lá. Querida Maria... curiosamente ao preparar esta postagem estou a usar o pano de prato que me deu.
Puxa fiquei emocionado aqui...
A Maria é um exemplo de como oportunidades podem mudar uma pessoa. Quando veio trabalhar conosco não sabia cozinhar direito, não sabia usar um microondas, seus filhos não sabia usar um computador, ela não sabia costurar. Hoje costura para fora, mexe em microondas, suas crianças sabem informática, sua filha faz curso de auxiliar de enfermagem, e tenho fé que um dia cursará uma universidade.
Para pessoas menos favorecidas como ela, da cor preta do carvão, não basta só força de vontade, faz-se necessário oportunidades!
Carlos Kurare
Ando Devagar - Almir Sater & Daniel
MARTINHO DA VILA Canta no Festival de Marisco na cidade de Olhão - ALGARVE
MARTINHO DA VILA " É DEVAGAR DEVAGAR DEVAGARINHO "