terça-feira, 9 de março de 2010

Um dia de Mulher... ou um dia de cão sem o Pacino.

Sawabona!

Concordo com muito que a menina nervosa escreveu no texto abaixo. Aliás, sempre me intrigou nunca ver rebeliões de mulheres em casas de detenção, ver que o número de presidiárias é pequeno. Geralmente as que estão presas foram envolvidas por algum amante.
Há anos que falo que o mundo feminino "é tudo de bom", pena que as mulheres, ainda, não tenham tomado o poder, talvez, lhes falte o masculino "sangue ruim", extremamente necessário para essa empreitada. Mas chegarão lá... afinal já vejo em muitas a adaptabilidade necessária, e a prática eficaz das vicissitudes masculinas. Ui!

Hoje é dia de mulher! Pois dia de mulher é cada um dos 365 dias de cada ano.
É um dia de glória para cada uma que sobrevive com maestria, neste mundo masculinamente corrompido. E as feministas que me desculpem, mas o fim, não justifica os meios.
A mulher é boa assim: in natura.
Carlos Kurare

Recebi o email abaixo Não sei quem é o autor, mas, acho melhor nem perguntar, pois ele deve estar naqueles dias... rs


"Dia 8 de março seria um dia como qualquer outro, não fosse pela rosa e os parabéns. Toda mulher sabe como é. Ao chegar ao trabalho e dar bom dia aos colegas, algum deles vai soltar: ”parabéns”.
Por alguns segundos, a gente tenta entender por que raios estamos recebendo parabéns se não é nosso aniversário (exceção, claro, à minoria que, de fato, faz aniversário neste dia). Depois de ficar com cara de bestas, num estalo a gente se lembra da data, dá um sorriso amarelo e responde “obrigada”, pensando: “mas por que eu deveria receber parabéns por ser mulher?”.
Mais tarde, chega um funcionário distribuindo rosas. Novamente, sorriso amarelo e obrigada. É assim todos os anos. Quando não é no trabalho, é em alguma loja. Quando não é numa loja, é no supermercado. Todos os anos, todo 8 de março: é sempre a maldita rosa.
Dizem que a rosa simboliza a  “feminilidade”, a delicadeza. É a mesma metáfora que usam para coibir nossa sexualidade — da supervalorização da virgindidade é que saiu o verbo “deflorar” (como se o homem, ao romper o hímen de uma mulher, arrancasse a flor do solo, tomando-a para si e condenando-a – afinal, depois de arrancada da terra, a flor está fadada à morte). É da metáfora da flor, portanto, que vem a idéia de que mulheres sexualmente ativas são “putas”, inferiores, menos respeitáveis.
A delicadeza da flor também é sua fraqueza. Qualquer movimento mais brusco lhe arranca as pétalas.  Dizem o mesmo de nós: que somos o “sexo frágil” e que, por isso, devemos ser protegidas. Mas protegidas do quê? De quem? A julgar pelo número de estupros, precisamos de proteção contra os homens. Ah, mas os homens que estupram são psicopatas, dizem. São loucos. Não é com estes homens que nós namoramos e casamos, não é a eles que confiamos a tarefa de nos proteger.  Mas, bem,  segundo pesquisa Ibope/Instituto Patricia Galvão, 51% dos brasileiros dizem conhecer alguma mulher que é agredida por seu parceiro. No resto do mundo, em 40 a 70 por cento dos assassinatos de mulheres, o autor é o próprio marido ou companheiro.Este tipo de crime também aparece com frequência na mídia. No entanto, são tratados como crimes “passionais” – o que dá a errônea impressão de que homens e mulheres os cometem com a mesma frequência, já que a paixão é algo que acomete ambos os sexos. Tratam os homens autores destes crimes como “românticos” exagerados, príncipes encantados que foram longe demais. No entanto, são as mulheres as neuróticas nos filmes e novelas. São elas que “amam demais”, não os homens.
Mas a rosa também tem espinhos, o que a torna ainda mais simbólica dos mitos que o patriarcado atribuiu às mulheres. Somos ardilosas, traiçoeiras, manipuladoras, castradoras. Nós é que fomos nos meter com a serpente e tiramos o pobre Adão do paraíso (como se Eva lhe tivesse enfiado a maçã goela abaixo, como se ele não a tivesse comido de livre e espontânea vontade). Várias culturas têm a lenda da vagina dentata. Em Hollywood, as mulheres usam a “sedução” para prejudicar os homens e conseguir o que querem. Nos intervalos do canal Sony, os machos são de “respeito” e as mulheres têm “mentes perigosas”.  A mensagem subliminar é: “cuidado, meninos, as mulheres são o capeta disfarçado”. E, foi com medo do capeta que a sociedade, ao longo dos séculos, prendeu as mulheres dentro de casa. Como se isso não fosse suficiente, limitaram seus movimentos com espartilhos, sapatos minúsculos (na China), saltos altos. Impediram-na que estudasse, que trabalhasse, que tivesse vida própria. Ela era uma propriedade do pai, depois do marido. Tinha sempre de estar sob a tutela de alguém, senão sua “mente perigosa” causaria coisas terríveis.
Mas dizem que a rosa serve para mostrar que, hoje, nos valorizam. Hoje, sim. Vivemos num mundo “pós-feminista” afinal. Todas essas discriminações acabaram! As mulheres votam e trabalham! Não há mais nada para conquistar! Será mesmo? Nos últimos anos, as diferenças salariais entre homens e mulheres (que seguem as mesmas profissões) têm crescido no Brasil, em vez de diminuir. Nos centros urbanos, onde a estrutura ocupacional é mais complexa, a disparidade tende a ser pior. Considerando que recebo menos para desempenhar o mesmo serviço, não parece irônico que o meu colega de trabalho me dê os parabéns por ser mulher?
Dizem que a rosa é um sinal de reconhecimento das nossas capacidades.  Mas, no ranking de igualdade política do Fórum Econômico Mundial de 2008, o Brasil está em 10oº lugar entre 130 países. As mulheres têm 11% dos cargos ministeriais e 9% dos assentos no Congresso — onde, das 513 cadeiras, apenas 46 são ocupadas por elas.  Do total de prefeitos eleitos no ano passado, apenas 9,08% são mulheres. E nós somos 52% da população.
A rosa também simboliza beleza. Ah, o sexo belo. Mas é só passar em frente a uma banca de revistas para descobrir que é exatamente o contrário. Você nunca está bonita o suficiente, bobinha. Não pode ser feliz enquanto não emagrecer. Não pode envelhecer. Não pode ter celulite (embora até bebês tenham furinhos na bunda). Você só terá valor quando for igual a uma modelo de 18 anos (as modelos têm 17 ou 18 anos até quando a propaganda é de creme rejuvenescedor…).  Mas mesmo ela não é perfeita: tem de ser photoshopada. Sua pele é alterada a ponto de parecer de plástico: ela não tem espinhas nem estrias nem olheiras nem cicatrizes nem hematomas, nenhuma dessas coisas que a gente tem quando vive. Ela sorri, mas não tem linhas ao lado da boca. Faz cara de brava, mas sua testa não se franze. É magérrima (às vezes, anoréxica), mas não tem nenhum osso saltando. É a beleza impossível, mas você deve persegui-la mesmo assim, se quiser ser “feminina”. Porque, sim, feminilidade é isso: é “se cuidar”. Você não pode relaxar. Não pode se abandonar (em inglês, a expressão usada é exatamente esta: “let yourself go”). Usar uma porrada de cosméticos e fazer plásticas é a maneira (a única maneira, segundo os publicitários) de mostrar a si mesma e aos outros que você se ama. “Você se ama? Então corrija-se”. Por mais contraditória que pareça, é esta a mensagem.
Todo dia 8 de março, nos dão uma rosa como sinal de respeito. No entanto, a misoginia está em toda parte.  Os anúncios e ensaios de moda glamurizam a violência contra a mulher. Nas propagandas de cerveja e programas humorísticos, as mulheres são bundas ambulantes, meros objetos sexuais. A pornografia mainstream (feita pela Hollywood pornô, uma indústira multibilionária) tem cada vez mais cenas de violência, estupro e simulação de atos sexuais feitos contra a vontade da mulher. Nos videogames, ganha pontos quem atropelar prostitutas.
Todo dia 8 de março, volto para casa e vejo um monte de mulheres com rosas vermelhas na mão, no metrô. É um sinal de cavalheirismo, dizem. Mas, no mesmo metrô, muitas mulheres são encoxadas todos os dias. Tanto que o Rio criou um vagão exclusivo para as mulheres, para que elas fujam de quem as assedia. Pois é, eles não punem os responsáveis. Acham difícil. Preferem isolar as vítimas. Enquanto não combatermos a idéia de que as mulheres que andam sozinhas por aí são “convidativas”, propriedade pública, isso nunca vai deixar de existir. Enquanto acharem que cantar uma mulher na rua é elogio , isso nunca vai deixar de existir. Atualmente, a propaganda da NET mostra um pinguim (?) dizendo “ê lá em casa” para uma enfermeira. Em outro comercial, o russo garoto-propaganda puxa três mulheres para perto de si, para que os telespectadores entendam que o “combo” da NET engloba três serviços. Aparentemente, temos de rir disso. Aparentemente, isso ajuda a vender TV por assinatura. Muito provavelmente, os publicitários criadores desta peça não sabem o que é andar pela rua sem ser interrompida por um completo desconhecido ameaçando “chupá-la todinha”.
Então, dá licença, mas eu dispenso esta rosa. Não preciso dela. Não a aceito. Não me sinto elogiada com ela. Não quero rosas. Eu quero igualdade de salários, mais representação política, mais respeito, menos violência e menos amarras. Eu quero, de fato, ser igual na sociedade. Eu quero, de fato, caminhar em direção a um mundo em que o feminismo não seja mais necessário.
…Enquanto isso não acontecer, meu querido, enfia esta rosa no dignissímo senhor seu cu."


Marjorie Rodrigues  http://marjorierodrigues.wordpress.com/  (autora e de onde peguei)

3 comentários:

Anônimo disse...

Se o autor estava naqueles dias quando escreveu o texto, eu gostaria de parabenizá-lo, pela veracidade das suas palavras....pra que um dia da mulher?? Se todos os dias somos... mães, donas de casa, secretarias, faxineiras, executivas, professoras, amantes..quero ser lembrada e respeitada nos meus direitos e nas minhas vontades. Dispenso também as rosas neste dia.
Alicce Dantas

Ana disse...

Achei perfeitas e esmeradas as colocações da pessoa que escreveu esse texto.
É a realidade do nosso modelo de "vida" hoje.
O local sugerido para "plantar" a rosa é, além de correto, o mais indicado...é a excelência na produção de adubo altamente rico em nutrientes.
Mas tenho que confessar que ganhei uma rosa no dia 08 de março.
De uma mulher.
Estava de plantão e de repente a mãe de um bebê me entregou uma rosa, parabenizando pelo dia.
Fiquei surpresa...dia do médico é normal falarem alguma coisa...mas era dia da mulher... nem me lembrava...
E fiquei emocionada também...sem querer depois me toquei, que pedi para colocarem o bebê no colo da mãe...essa mãe pegou seu filhote no colo pela primeira vez...uma mulher orientou que fosse dado a outra mulher, um prazer inato, latente até então, bem próprio e único... o prazer de se sentir mãe. Atitude que para mim é básica, normal, inerente; mesmo numa UTI e prematuro o bebê tem que ir para o colo da mãe...para mim é vital esse contato...para mim.
Não sei se foi por isso que nos deu( a mim e a equipe presente naquele momento) rosas. Não faz diferença o motivo, a intenção...
A rosa tem vários significados muito bem colocados no texto acima.
Mas naquele momento valeu a rosa. Valeu a delicadeza do lembrar. Valeu perceber a percepção da outra em ser mulher também.
Ahhhhhhhhh...tbm recebi outra lembrança...um estojinho de maquiagem...bonitinho, legal...valeu a lembrança.
Preferi a rosa.

Miriam disse...

Ë...realmente, ela tem alguma razão, no que diz e sente, podemos até nos identificar, com uma colocação ou outra.
Mas,tudo pode e deve ser visto com melhores "olhos"...E com certeza, a autora estava mesmo, naqueles dias...ótimo alías, que sejam só dias, porque se assim for, eles passam!!!
E te digo...ganhei rosas, telefonemas, atenção...que saber: amei!!!
Mesmo porque, uma coisa é uma coisa...outra coisa é outra coisa!!!!
Tenho orgulho de ser MULHER...e das conquistas que nós já alcançamos e não vou ficar presa as que ainda temos a conquistar, melhor "degustar" as que já são realidade.
QUE VENHAM AS ROSAS!!!!!

Um olhar olhar mais atento...

Quer me conhecer, faça-o com a devida calma. Para saber quem sou de fato Observe de mim cada ato,  pois as minhas atitudes, são ...