sexta-feira, 14 de maio de 2010

O cavalo do príncipe...





Ok! Confesso! Freqüento um site de relacionamento, Tá! Não sou muito bom em relacionamentos, afinal... só consegui ficar, muito bem casado, por apenas 24 anos. Ajudou o fato de ter tido uma esposa maravilhosa e lindas crianças. Uma pessoa que tem o meu carinho e meu afeto, pois a amizade sempre existirá, pois somos boas pessoas.

Uma coisa que me incomoda quando começo a conversar com pessoas que acabo de conhecer nesse site são aquelas perguntas padrões: “Podemos se conhecer”? “Once more”? (“onde se mora”) “Onde se trabalha”? E por ai vai...
Não sei... Essas coisas são, as que menos me interessam ao conhecer uma pessoa. Pois quero conhecer seu caráter seus valores, seus gostos, suas emoções, suas atitudes e por ai vai... Não vou me estender sobre o tema neste momento, pois penso em escrever algo mais profundo a esse respeito no futuro.


Você que sabe que moro onde não mora ninguém...você que sabe que o que é realmente importante, não é onde a pessoa mora,mas, com quem mora, e eu moro muito bem, pois moro com você! Você que está sempre ai... ao meu alcance... não ao alcance dos olhos, mas... do coração, do intelecto, dos sentimentos.
- Obrigado! Por me deixar morar com você.
- Sim...você!
- Você que sempre me lê!
- V o c ê!!!

Once more...Obrigado!

Carlos Kurare

Sampa 14/5/2010 16:08

Hoje ao ouvir pela milésima vez essa pergunta... lembrei-me deste texto que li há anos, e que quero compartilhar com você.

I

Certa vez, quando tinha seis anos, vi num livro sobre a Floresta Virgem, "Histórias Vividas", uma imponente gravura. Representava ela uma jibóia que engolia uma fera. Eis a cópia do desenho.

Dizia o livro: "As jibóias engolem, sem mastigar, a presa inteira. Em seguida, não podem mover-se e dormem os seis meses da digestão."

Refleti muito então sobre as aventuras da selva, e fiz, com lápis de cor, o meu primeiro desenho. Meu desenho número 1 era assim:

Mostrei minha obra prima às pessoas grandes e perguntei se o meu desenho lhes fazia medo.

Respondera-me: "Por que é que um chapéu faria medo?"

Meu desenho não representava um chapéu. Representava uma jibóia digerindo um elefante. Desenhei então o interior da jibóia, a fim de que as pessoas grandes pudessem compreender. Elas têm sempre necessidade de explicações. Meu desenho número 2 era assim:

As pessoas grandes aconselharam-me deixar de lado os desenhos de jibóias abertas ou fechadas, e dedicar-me de preferência à geografia, à história, ao cálculo, à gramática. Foi assim que abandonei, aos seis anos, uma esplêndida carreira de pintor. Eu fora desencorajado pelo insucesso do meu desenho número 1 e do meu desenho número 2. As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo, para as crianças, estar toda hora explicando.

Tive pois de escolher uma outra profissão e aprendi a pilotar aviões. Voei, por assim dizer, por todo o mundo. E a geografia, é claro, me serviu muito. Sabia distinguir, num relance, a China e o Arizona. É muito útil, quando se está perdido na noite.

Tive assim, no decorrer da vida, muitos contatos com muita gente séria. Vivi muito no meio das pessoas grandes. Vi-as muito de perto. Isso não melhorou, de modo algum, a minha antiga opinião.

Quando encontrava uma que me parecia um pouco lúcida, fazia com ela a experiência do meu desenho número 1, que sempre conservei comigo. Eu queria saber se ela era verdadeiramente compreensiva. Mas respondia sempre: "É um chapéu". Então eu não lhe falava nem de jibóias, nem de florestas virgens, nem de estrelas. Punha-me ao seu alcance. Falava-lhe de bridge, de golfe, de política, de gravatas. E a pessoa grande ficava encantada de conhecer um homem tão razoável.

II

Vivi portanto só, sem amigo com quem pudesse realmente conversar, até o dia, cerca de seis anos atrás, em que tive uma pane no deserto do Saara. Alguma coisa se quebrara no motor. E como não tinha comigo mecânico ou passageiro, preparei-me para empreender sozinho o difícil conserto. Era, para mim, questão de vida ou de morte. Só dava para oito dias a água que eu tinha.

Na primeira noite adormeci pois sobre a areia, a milhas e milhas de qualquer terra habitada. Estava mais isolado que o náufrago numa tábua, perdido no meio do mar. Imaginem então a minha surpresa, quando, ao despertar do dia, uma vozinha estranha me acordou. Dizia:

- Por favor... desenha-me um carneiro!

- Hem!

- Desenha-me um carneiro...

Pus-me de pé, como atingido por um raio. Esfreguei os olhos. Olhei bem. E vi um pedacinho de gente inteiramente extraordinário, que me considerava com gravidade. Eis o melhor retrato que, mais tarde, consegui fazer dele.





Livro obrigatório numa boa biblioteca, digo melhor... numa biblioteca de gente boa!!!
Carlos Kurare


Moro onde não mora ninguém-Agepê.

9 comentários:

ANÔNIMA FASCINADA disse...

Passo por algo,(não diria igual),mas parecido com você.Não são estas perguntas em si que me incomodam,pois compreendo que dependendo do que se busque,o endereço será "um divisor de águas".Meu incômodo é não encontrar pessoas que queiram realmente me conhecer,que não finjam ser um personagem e que tenham algo interessante para me acrescentar.Agora se o amor chegar...a última coisa que vou precisar é de um GPS.Parabéns por compartilhar.

Lee disse...

Sr. Kurare... romântico como sempre...agradecida pela postagem... o pequeno príncipe...sempre lindo!

Anônimo disse...

A sua história e o pequeno principe já é uma surpresa,adorei.
Não precisa agradecer....continue morando comigo....no coração ... na amizade...como você diz, eu passei no vestibular da sua amizade....e embora não nos falemos todos os dias...aprendi a te ver e a te conhecer melhor aqui no blog.
beijos amigos Kurare

leo

Anônimo disse...

O pequeno príncipe,concordo é maravilhoso,mas quanto ao assunto do site de relacionamento,discordo..é natural que as pessoas que estejam se conhecendo,queiram saber oque cada um faz pra ganhar a vida,não por interesse financeiro rsrs óbviamente,mas,até pra saber o foco da conversa.Veja,eu também estou num site de relacionamento e gosto de saber em que área a pessoa trabalha,atua..de repente teremos assuntos afins..além de outros..lógicamente.
Acho muito natural!

Anônimo disse...

Olá querido Carlos : o texto que você escreveu está uma MARAVILHA,saiu de seu âmago,é sincero,e,citar trechos do livro O Pequeno Príncipe,indiscutívelmente, fechou com chave de ouro, PARABÉNS !!! A mensagem desse livro sobre o amor e a amizade são eternos;concordo plenamente com sua opinião a respeito de SITES de Relacionamento e tudo o mais que escreveu!!! Adorei poder ouvir AGEPÊ, sua voz é muito boa.Um beijão de S. Bacana

OI - BYE disse...

Oi,
Gostei de sua sinceridade, quanto aos sites de relacionamento. Acho que o tratamento às mulheres é ainda um pouco mais irritante: "Você está sozinha?" "Como está vestida?" E aí por diante. Nunca pude resistir a essas perguntas e continuar a conversa; é mais forte que eu. Bem lembrado, esse texto que citou. As pessoas não vão além das aparências, não se interessam pelo que está lá dentro, na semente, na origem, no que é. Não enxergam e não querem enxergar, e assim, não podem imaginar o que estão perdendo, ou o que perderam de si mesmas. Você foi (é) muito sensível ao relacionar aqui a música do Agepê. Sabe de uma coisa, esse espaço que você nos oferece é um ótimo caminho para o "deserto do aviador", para casa... lá onde não mora ninguém. Antes de nos fazer ouvidos por você, temos o privilégio de dar atenção ao príncipe, que adormecido forçosamente, luta contra pesadelos obscuros e mentirosos; ele que é, por vezes inimaginável e invisível aos olhos e aos corações atormentados pela ânsia da vida na selva.
AH! Ouvi tua voz no Youtube. Hummm... é de fazer esboçar aquele sorriso atrevido que vem das cores, dos cheiros , dos gostos, dos toques, enfim... (rsrs). Se tivesse declamado em italiano, seria processado (rsrsrss).

Bye

sereia cris disse...

ao separar o joio do joio
certamente restará o melhor dos joios
que mesmo sendo o melhor entre os seus
nunca será melhor que o trigo
assim como um amigo
ao separar o inimigo do inimigo
certamente restará o melhor dos inimigos
que mesmo sendo o melhor entre os seus
nunca será melhor que o amigo
mas uma dúvida trago comigo
o que é o melhor dos inimigos?
é o que mais se aproxima de um amigo?
ou o que mais se destaca como inimigo?
dois "melhores" diferentes
antagonicos em se entender
acho melhor ser trigo e amigo
que o melhor inimigo ser

Sereia Cris

Sayonara disse...

Parabéns, seu blog, é muito gostoso de visitar.
Sofia

Carlos Kurare disse...

Seja bem vinda Sofia!

Um olhar olhar mais atento...

Quer me conhecer, faça-o com a devida calma. Para saber quem sou de fato Observe de mim cada ato,  pois as minhas atitudes, são ...