segunda-feira, 21 de março de 2011

Vale a pena VERde novo! Pastel de vento...

Pastel de vento...

Como viver? Como passar os dias? Com a sensação de comer apenas pastel de vento?
Sem a emoção da chegada ou da partida. Sem a dor da perda, sem as grandes alegrias das conquistas, sem um amor arrebatador? Como continuar a comer pastel com recheio de vento frio e gosto de papel?
Eu hoje confesso vivo a comer pastel de vento e “insuculento”. Sem sustância sem cheiro. Mas vasculho com ardor por feiras livres a procura de um arrepio papilar. Errante que sou. Erro nas coisas do amor. Sou andarilho, vagueio por ruas, avenidas, e ladrilhos em busca de lugares, gentes e cores. Ando a cata de um único pastel. Que tenha recheio quente! Quente de vida! A ponto de queimar-me os dedos, os lábios e a língua! Que me aqueça de tal maneira por dentro, que eu não sinta mais o frio do estomago vazio. Ah! Quase posso sentir no ar, o delicioso aroma de palmito, queijo e tomate, das feiras livres de muitas cidades, que um dia hei de encontrar.
Às vezes falo com pessoas que me contam fatos valiosos de suas vidas, são momentos ricos, que por associações me remetem aos meus momentos preciosos. Pessoas tocam-me com certas palavras de uma maneira especial, esse toque não tem preço. Pois ao abrir o relicário da memória e ouvir a música embalada em papel de lembrança é algo mágico. Se você tem lembranças que lhe dão beliscões de torquês no coração, que fazem brotar lágrimas nos olhos de dor e emoção. Sinta se feliz por ter a dor das lembranças, sejam tristes sejam boas, são recheios de uma vida. Vida de gente não de espectro de gente. Saiba se ainda não lhe contaram que você é gente da mais alta qualidade!
Lembre-se há muita gente fria por ai, gente linear, que simplesmente passa como uva-passa!
Há muita gente a comer pastel de vento!



ILUSÕES DA VIDA
Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu;
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu.
Francisco Otaviano de Almeida Rosa





Nas vezes que pude ter roseiras, sempre me perguntei: por que flores tão lindas e de tão suave fragrância têm espinhos? Hoje percebo que a pergunta estava errada. O que tenho que compreender é: por que espinhos têm rosas?


Há o pastel de vento, e há o de sentimento, mas não há sentimento na cor pastel. Sentimentos sempre são coloridos de sabor como um arco-íris!
São Paulo - 4/10/2010 18:57

Carlos Kurare


Cotidiano / Baioque / Você vai me seguir - Chico Buarque

Dica da Valéria, que comeu muito pastel de feira recheado dessa música.


Juventude transviada - Luiz Melodia e Cassia Eller - Comp. Luiz Melodia


O texto acima foi postado originalmente em 5 de outubro de 2010

6 comentários:

Eduardo disse...

o meu sempre de queijo, queijo minas!!!!

Carlos Kurare disse...

Eduardo,

Uai? E existe outro tipo de queijo?
:0)

Carlos Kurare

Vanessa disse...

Carlos,
A minha escolha eh sempre pelos sabores, sejam eles quais forem. Muitas vezes o recheio nao eh exatamente aquilo que esperavamos, ou - mais comum ainda - o pastel promete, mas o recheio decepciona. Acontece e nao podemos deixar que a graca da busca se perca nesses momentos.
Outras vezes, as mais dolorosas, temos que aprender a nos acostumar com algo diferente daquilo que nos fez feliz durante muito tempo. E saimos em busca de recheios parecidos com aquele a que estavamos acostumados...uma busca inutil. Eh importante estarmos preparados para as boas surpresas que a vida nos reserva e muitas vezes isso significa provar algo novo...e gostar.
Beijo,
Vanessa

Carlos Kurare disse...

Vanessa,

Grande verdade... mas confesso que em matéria de sabores quando gosto de um fico com ele. Muitos sabores são como se misturassemos todas as cores e isso dá...dá... Ih deu branco! ?:0)

Um beijo e obrigado por sua presença nos comentários.

Carlos Kurare

Vanessa disse...

Oi Carlos,
Eu não me refiro a misturar sabores não. O que eu quis dizer é que às vezes nos apegamos demais a algo que vivemos (muitas vezes muito mais na nossa imaginação). Explico: quando eu tinha 15 anos sonhava em ter uma casa com vista para um ipê amarelo que existia na minha rua. O tempo foi passando e eu nunca morei na casa que teria vista para esse ipê. Outro dia, abrindo a janela do meu apartamento, que dá para uma avenida, reparei em um ipe amarelo meio que perdido entre algumas casas, não tão perfeito quanto aquele que eu sonhava (e que talvez so existisse na minha cabecinha sonhadora). É isso, muitas vezes vestimos os nossos sonhos com condições...e impreterivelmente, se estivermos atentos à vida, encontraremos encantos muito mais perto de nós.

Fique com um beijo carinhoso e parabens pelo blog

Vanessa

Carlos Kurare disse...

Vanessa,

Menina quando falou do Ipê amarelo fez-me lembrar de um que tinha na minha rua quando eu era pequeno. Era lindo!
Que saudade daquele Ipê!
Concordo com o que disse de encantos mais perto de nós, por isso que disse que quando gosto de um sabor fico com ele. Quando temos esses encantos perto de nós temos que valorizá-los sim.

Um beijo carinhoso!

Carlos

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