Alguns adultos usam máscaras para protegerem sua fragilidade infantil.
Outros as usam por não terem mais a fragilidade infantil.
Cabe a nós... Reconhecer-nos... sem máscaras!
Sampa - 30/10/2011 09:43
Carlos Kurare
Uma vez mandei confeccionar cartões de natal numa gráfica. Eu tinha, talvez, uns 17 anos, era um cartão pequeno, com a gravura de um relógio. Nessa época era costume enviar cartões de natal. Era um tempo de cumprir obrigações sociais e eu as cumpria. Eu trabalhava num banco e havia esse costume à época. Existia uma coisa chamada “correio”! Acredite em mim... Antigamente havia homens contratados para entregarem cartas em nossas residências (nunca vi uma mulher entregando cartas, era uma época que mulheres não faziam os chamados: “trabalhos masculinos”).
Nunca gostei de escrever cartas. Nunca gostei de escrever, acho que devido a uma doença que possuía: preguiça mesclada com um senso crítico crônico. Melhorei muito, mas a preguiça, ou melhor, hoje a artrite ronda minhas mãos como sanguessuga voraz.
Ah! Sim! O cartão de natal que mandei fazer era pequeno, simples o que o meu parco salário permitia comprar. Mas era para mim um universo de grandeza. Pois nele coloquei uma frase do poema do meu poeta da vez, que naquela data, era o grande Carlos Drummond de Andrade.
O fragmento do belo poema do Carlos era este:
"Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças"
Ontem brinquei com duas crianças, foi algo raro, pois nesta fase da vida não tenho contatos com crianças pequenas, só com crianças grandes!
A primeira foi numa livraria, eu tomava um chá preto horrível, não havia açúcar que o adoçasse, e lá estava o pequeno há cerca de uns 5 metros de distância com uma máscara medonha do filme pânico, ele devia ter uns 5 anos. Ele me encarou com os olhinhos marotos, e eu com meus dotes teatrais (tipo... ator bem canastrão é claro) fiz uma expressão de pânico e bruscamente virei-me de costas como quem temesse aquela figura horrenda. Ele não riu, ele acreditou que realmente me assustara e para minha surpresa tirou a máscara e ficou com uma carinha de - “sinto muito, eu não queria assustá-lo verdadeiramente, apenas queria assustá-lo de brincadeirinha!”
Vi no menino um caráter bom, nele não havia maldade apenas a felicidade de ser um bom menino!
A segunda surgiu de repente deveria ter uns 2 anos, era um menino também, ele veio ver o que tinha dentro de uma de minhas sacolas de compras, abriu uma delas com mãozinhas pequeninas e olhava curioso o seu conteúdo. Eu fiz o mesmo e lá estávamos duas crianças curiosas para descobrir o que a sacola ocultava. Nesse instante o pai a tirou de lá, ele não parecia muito à vontade com o pequeno! Sei que fiz em menos de um minuto um barco de papel, e depois um avião que maravilhou o pequeno. O pai agradeceu-me e eu parti!
Não sei se os pais de hoje sabem fazer aviões de papel. Dobraduras de papel são capazes de entreter crianças e adultos por muito tempo.
Se não sabem... Deveriam aprender!
São Paulo - 30/10/2011 08:56
Carlos Kurare
A Maior Flor do Mundo | José Saramago
Vídeo dica da Lina
João e Maria - Chico Buarque e Nara Leão - Música Sivuca
Canção Amiga - Milton Nascimento - letra Carlos Drummond de Andrade
Canção Amiga
Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.
Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.
Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.
Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.
Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.
Carlos Drummond de Andrade
4 comentários:
As crianças e os cartões...
Deveríamos ser mais leves como as crianças...
E quanto aos cartões: faz muito tempo que não envio e não recebo... Deu saudade de uma forma tão simples de dizer 'lembrei de Vc'
Carlos, hoje Vc me encheu de saudades....
Bjkassssssssssss
Amei o que li...sinto saudades do simples, do modo belo com que viamos a vida...
DESABAFO - VALE A PENA LER!!!!!!!!!!!!!!!!!
"Na fila do supermercado o caixa diz uma senhora idosa que deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma
vez que sacos de plástico não eram amigáveis ao meio ambiente. A senhora pediu desculpas e disse: “Não havia essa onda
verde no meu tempo.”
... ...
O empregado respondeu: "Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o
suficiente com nosso meio ambiente. "
"Você está certo", responde a velha senhora, nossa geração não se preocupou adequadamente com o meio ambiente.
Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava de volta
para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as
garrafas, umas tantas outras vezes.
Realmente não nos preocupamos com o meio ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas
rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de
potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.
Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos com o meio ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque
não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de
220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que
tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.
Mas é verdade: não havia preocupação com o meio ambiente, naqueles dias. Naquela época só tínhamos somente uma TV ou
rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um
estádio; que depois será descartado como?
Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando
embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usamos jornal amassado para protegê-lo, não plastico bolha ou pellets
de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar.
Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama, era utilizado um cortador de grama que
exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam
a eletricidade.
Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o meio ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando
estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos. Canetas: recarregávamos
com tinta umas tantas vezes ao invés de comprar uma outra. Abandonamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os
aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lámina ficou sem corte.
Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou de ônibus e os meninos
iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só uma
tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não
precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria
mais próxima.
Então, não é risível que a atual geração fale tanto em meio ambiente, mas não quer abrir mão de nada e não pensa em
viver um pouco como na minha época?
Alê!
Ter saudades é bom, não é menina?
Beijão!
Carlos,
Lembranca... Reli isto e pude rever o sorriso do meu filho para suas maos que moviam o dinossauro ritmadas pela sua voz... voz de amigo, que nao apenas contou para dormir, mas acordou e despertou o imaginario infantil. Um abraco.
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